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O canto do Rouxinol

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Parte 1 - duas vidas dois mundos


    Era uma vez um menino de família muito rica e influente na cidade. Se chamava Ouji. Ele tinha tudo o que queria, morava em uma casa enorme e bonita, seu quarto era tão bonito e bem arrumado pelos empregados da casa, que eram gentis e trabalhavam bem. Tinha brinquedos que toda criança desejava, muitos deles importados e feitos sob medida pelas melhores fábricas do mundo. Viajava para locais lindos e paradisíacos, estudava na melhor escola da cidade junto com os herdeiros das melhores famílias, tendo aulas com professores renomados e competentes. Se alimentava da comida de primeira qualidade, sempre bem preparada por grandes cozinheiros. Era invejado pelos outros meninos.

    Porém o que o garoto mais gostava era do amor que os seus pais davam a ele, sempre foram uma família unida e feliz. Seu pai era muito trabalhador, mas sempre teve tempo para a família, era um comerciante muito conhecido na cidade, várias pessoas queriam ter pelo menos metade do sucesso que ele tem. Sua mãe era bondosa e gentil com todos, sempre pensou nos outros antes de si mesma e queria que o filho fosse assim também, não discriminasse as pessoas pelas aparências, pois o importante era o caráter, não suas posses, influência na sociedade ou beleza. A mãe do garoto era muito sábia e partilhava dessa sabedoria com todos, inclusive com os pobres.

    Para a infelicidade de Ouji, a sua mãe teve uma doença rara e desconhecida, o pai dele gastou bastante dinheiro contratando os médicos mais diversos que não conseguiam fazer nada para curar a sua doença. A família viajou em vários locais do mundo, gastou muito com remédios caros, mas nada feito e infelizmente a pobre mulher veio a falecer. Ouji ficou muito triste com a perda assim como o seu pai, que passou a trabalhar em dobro, pois ele durante essa aventura mal sucedida de salvar a esposa, ele passou um ano e seis meses sem trabalhar. Mais um mês para superar a perda da mulher que ele tanto amava. Além disso ele queria que não faltasse nada para o seu filho querido, tudo o que ele pedia ele dava. Menos a atenção necessária. O garoto cresceu triste, solitário e mimado, passou a não dar mais valor aos sentimentos e as coisas pequenas da vida e começou a viver de aparências. Adorava exibir suas coisas aos seus amigos da alta sociedade que o invejavam.

    Quando o pai de Ouji percebeu que ele estava crescendo e se tornando uma pessoa completamente fútil, tentou colocar de volta na mente de seu filho, os valores que a sua esposa ensinava. Até diminuiu sua jornada de trabalho para passar mais tempo com o filho, mas era tarde, pois o jovem não queria em hipótese alguma deixar de mostrar para as pessoas o quanto era superior. A única coisa que ele ainda valorizava que dinheiro nenhum poderia comprar era a música. Ele sempre ia a concertos diversos quase que todos os dias. Quando falava dos espetáculos falava com um gosto verdadeiro, não com aquele ar de superioridade que ele fazia questão de mostrar. Mas nunca ia ver artistas e músicos de rua, não se misturava com os pobres de jeito nenhum. O que as pessoas pensariam dele? Um rapaz da alta sociedade se misturando com pessoas pobres, sujas e mal educadas era o cúmulo do absurdo e uma perda de tempo.

    Um dia, a bela casa onde Ouji e seu pai viviam incendiou com grande parte dos seus bens. Para piorar o pai do jovem estava com os negócios cada dia piores. A vida de luxo deles estava prestes a ser mudada. Como eles tinham uma casa em uma pequena ilha. Não era tão grande e, em relação a antiga casa, não muito luxuosa, mas era a mais bela e chique da ilha. A última vez que o comerciante foi para lá, fazia mais de 15 anos. Claro que o jovem não gostou nem um pouco. A ilha para ele era completamente insignificante, sem graça, cheia de pescadores pobres e fedorentos. Não tinha nada de bom por lá, não tinha teatro, ópera, estava longe das pessoas de classe e destaque… Enfim nada de bom na visão dele.

    Eram vários os habitantes da ilha, dentre eles, uma moça de belíssima e cativante voz que ajudava a sua mãe, que era uma pobre, porém esforçada pescadora. Elas eram das poucas muheres que trabalhavam no porto. Todos os dias a moça cantarolava diversas canções que tornava o trabalho de seus colegas mais suave e animado, muitos pedia para que ela cantasse uma canção. A moça o fazia com um grande e verdadeiro sorriso. A única que pedia pra ela parar era a sua mãe que via que sua filha mais cantava do que trabalhava. Ela sonhava em um dia finalmente deixar aquela vida de pescadora que usava roupas horríveis e fedia a peixe, para ser finalmente uma cantora. Passar os seus sentimentos para as pessoas, tornar a vida delas mais suave. Porém ela era tão pobre. Não sabia ler nem escrever direito, desde criança ela ajudava a mãe com o trabalho, o pai dela fugiu meses antes de seu nascimento e sua mãe passou a trabalhar duro para que tivessem pelo menos casa e comida. De modo que a menina teve pouco acesso a educação, lia textos com muita dificuldade e só sabia escrever frases simples com uma péssima ortografia e o seu nome.

    Apesar disso ela era muito conhecida por todos os que moravam na ilha. Nem o mais famoso dos cantores tinha uma voz tão doce e hipnotizante. Porém poucos a conheciam pessoalmente, não sabiam o nome e nem a sua aparência, mas ficavam imaginando como uma linda moça, que usava belas roupas e que era querida pelos homens da ilha. Com certeza era muito rica e não deve sair para qualquer lugar. Vários poetas se inspiravam na moça, dedicavam poemas a ela sem sequer conhecê-la, mas imaginando como uma moça formosa. Por causa de seu belo canto, muitos a chamavam de Rouxinol. Esse apelido pegou e todas as pessoas que a Rouxinol conhecia chamavam ela assim. Porém os mais chegados a chamavam pelo nome: Tori.

    Tori um dia viu que o seu grande amigo estava muito triste e resolveu conversar. Ele disse:

    - Desculpe, Tori, mas a minha filha está com uma doença rara e os médicos disseram que ela está com apenas três meses de vida.

    - Meu deus! Será que eu posso vê-la?

    - Claro, Tori, obrigado pela atenção. Mas evite falar da doença, para não deixá-la assustada. Não falamos que ela está com os dias contados pois…

    - Entendo do que o senhor está falando.

    Mais tarde, os dois foram para o hospital onde a menina estava internada. A mãe da garota estava se desmanchando em lágrimas. Tori então deu um abraço nela e foi ver a garota, que imediatamente se animou ao vê-la. Ela pediu para que Tori cantasse uma canção. Ela o fez e com bastante carinho, sem demonstrar muita tristeza ou pena para tentar não assustar a menina. A filha do pescador gostou tanto que pediu para que o pai dela levasse a moça todos os dias para cantar pra ela.

    Eis que o inacreditável aconteceu, depois que Tori passou a cantar para a filha do pescador, ela melhorava. Depois de sete meses, um milagre acontece, a menina estava completamente curada. Tori ao saber disso ficou tão emocionada que chorava e sorria ao mesmo tempo. Como forma de agradecimento, a esposa do pescador deu a moça um belo, antigo e muito valioso colar prateado com um pingente de rouxinol, que era de sua bisavó. Era de todas as coisas a mais valiosa, da pobre família, mas depois que viram a menina saudável e alegre novamente, aquele colar não valia nada. Tori não quis aceitar, pois era tão caro e eles realmente precisavam, além disso ver a filha deles bem de novo já bastava. Mas então a esposa do pescador insistiu tanto. Para não fazer desfeita, ela aceitou aquele mimo. Combinava muito com ela e cuidaria dele com muito cuidado, usaria sempre para mostrar o quanto ela adorou.

    Antes de Tori voltar ao trabalho, a esposa do pescador falou:

    - Não deixem que calem a sua voz. Ela é linda e deve ser dividida com todas as pessoas do mundo.

    Tori passou a cantar mais maravilhosamente do que nunca. Cada vez que olhava aquele colar, ela se lembrava das sábias palavras da mãe da garota. Prometeu a si mesma que nada e nem ninguém no mundo ira silenciar a sua voz, era um rouxinol livre e feliz com o canto mais belo de todos.
Escrito por Tanaka
(Sorry this is in portuguese only
)

Bird Lefthand Como o texto está em português eu vou escrever essa descrição em português mesmo. Essa história foi baseada em um conto de fadas de Hans Christian Andersen: O Rouxinol e o Imperador da China. Pensei em criar um conto de fadas sem magia; príncipes e princesas; e com protagonistas mais velhos. No próximo capítulo vai ter uma passagem de tempo e vai mostrar a Tori e o Ouji com 36 anos. Eu estava assistindo Frozen e pensei, como seria o próximo filme de princesa da Disney, eles estão inovando tanto no conceito de princesa, eis que eu pesquisei os contos de fada que a Disney ainda não transformou em filme, achei a história do Imperador e do Rouxinol e tive a ideia de fazer essa versão da história do criador do Patinho Feio e da Pequena Sereia. Não ficou no estilo Disney nem um pouco e até agora não se parece com a história original é verdade. Ficou no "estilo Tanaka" kkkk. Mas eu tentei fazer o texto de uma maneira que pareça que você esteja lendo um conto de fadas. O local de história não é definido é uma ilha ficticia que não é baseada na China, nem no Japão pra quem se ligou que o nome dos personagens são nomes japoneses, é porque gosto dos nomes japoneses, apesar de Tori e Ouji (que respectivamente significam pássaro e príncipe) não serem nomes de gente, são mais simbólicos mesmo. Espero que gostem! Vou tentar postar o próximo capítulo assim que puder não se preocupem.Yellow Bird

Obs.: Por enquanto eu não tenho intenção de traduzir o texto para o inglês para o público estrangeiro do dA, meu inglês está em um nível um tanto quanto baixo pra fazer um texto desses, algo um pouco difícil de se acreditar pois eu me comunico com o pessoal em inglês (que modéstia!). Mas se você fala bastante inglês e quiser se oferecer pra traduzir o texto, sinta-se a vontade, fale comigo nos comentários. Outra coisa. Eu não estou mudando o foco da minha conta que são desenhos feitos da maneira tradicional, mas é que seria legal eu colocar textos também e eu comecei a escrever esse no Google Drive e gostei tanto sabe... E por fim, quem for comentar (não creio que isso aqui vai lotar de comentários mas é bom avisar) EVITE FAZER SPOILERS!
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ShonemZone's avatar
O acaso é realmente incrível, estava selecionando os Destaques do ArtistasBRASIL (que com certeza vou selecionar) , e me deparo com esta ótima introdução. Realmente o conto me despertou a curiosidade sobre sua continuação, e seus eventos. Foi uma leitura dinâmica, mas senti a falta de mais diálogos, mas tudo bem, acredito que talvez o foco principal se perdesse com diálogos desnecessários.
Parabéns pela escolha da história  (fiquei curioso pelo original também), por seu trabalho de pesquisa e ortografia, não encontrei erros aparentes de português (não sou o mais indicado para discutir sobre esse assunto), mas é maravilhoso poder ler um texto que flui normalmente sem interrupções. Só me cabe elogiar e incentivar, por isso, espero que conclua o conto ou os próximos capítulos em breve, pois há um leitor ansioso.